quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O DataBolha virou DataSerra



          É impressionante como a Bolha de São Paulo mainipula as pesquisas eleitorais às vesperas da eleição. E ainda usa isso como manchete para incutir na cabeça de seus leitores - e do povão em geral - que a Dilma cai,a Marina sobe, e o Serra tem chance de chegar ao segundo turno.
          A tática consiste no manjado esquema de soltar o rojão e sair correndo atrás da vareta. 
          Os outros veículos de comunicação, diante dos dados manipulados pelo DataBolha - ou DataSerra, como queiram - e das manchetes que a Bolha estampa, se veem na obrigação de também correr atrás dessa vareta fictícia. Moral da história: cria-se uma onda em cima do nada. 
          Como as notícias da possibilidade do segundo turno, mesmo não detectada por nenhum outro intituto - nem o velho e carcomido Ibofe deu - repercutem a exaustão. E tome ver na TV e nos jornais entrevistas com assessores, marqueteiros, analistas políticos, pessoas nas ruas, o diabo. 
           Tá criado, assim, o clima para que os mais incautos - e como tem  incauto neste país - mudem seu voto.
           Tinha que ter uma fiscalização mais rigorosa em cima destas pesquisas. Pois a Bolha faz esse jogo de cartas marcadas via o DataBolha há muito tempo, principalmente aqui em São Paulo.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Faltou sangue

Falha retira do ar debate entre candidatos na Globo

          Ontem à noite, me aventurei a assistir o embate televisivo dos candidatos a governador aqui do Estado de São Paulo. E como ficaram chatos os debates políticos.
       Lá atrás, no início da redemocratização, quando as regras dos enfrentamentos eram mais brandas e jornalistas também faziam perguntas, o clima esquentava com frequência. Tá certo que franco-atiradores da política nacional - Enéas era o principal deles - e caras-de-paus - como Paulo Maluf - ajudavam a apimentar as discussões com ataques virulentos aos adversários e, muitas vezes, pessoais. 
       O que vi diante das telas nesta terça foi um jogo muito bem articulado de dissimulação, com o Alkimim fugindo o tempo todo do confronto direto com Mercadante e este, como seu principal oponente, choramingando que o candidato tucano não lhe dirigia perguntas.
       De resto, os outros pretendentes ao cargo de governador se limitaram a atacar José Maria Alkimim nas questões de sempre - pedágio, meio-ambiente, educação, habitação - numa tentativa clara de apenas marcar posição como oposição.
       As regras justíssimas ajudaram a dar um tom morno ao encontro e o mediador - Chico Pinheiro - não teve qualquer trabalho. Enquanto nos confrontos de antanho a campainha pedindo silêncio era um instrumento corriqueiro e, muitas vezes, os debatentes ameaçavam se engalfinhar diante das câmeras, hoje temos a mais pura demonstração de bommocismo e cordialidade.
      É uma pena porque sem um enfrentamento mais contundente entre os candidatos, fica a idéia de que tudo é uma grande encenação. 
       
          

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Joaquim Câmara Ferreira


          Três eventos marcados para outubro de 2010 homenagearão o jornalista Joaquim Câmara Ferreira (veja as datas clicando sobre o cartaz acima).
       O militante da Ação Libertadora Nacional, que usava o codinome de Toledo, entrou para o Partido Comunista em 1933. Foi diretor de vários jornais do PC e caiu na clandestinidade a partir de 37. Preso, foi barbaramente torturado pelo DOPS paulista. 
       Com o fim da ditadura Vargas, em 46 Câmara Ferreira se elege vereador pela cidade paulista de Jaboticabal. Mas no ano seguinte, com a cassação do registro eleitoral do Partido Comunista, perde seu mandato.
           Em 1964, foi preso pelos órgãos policiais por realizar uma palestra para operários em São Bernardo do Campo sobre “O papel da Imprensa na luta pelas reformas de base”. O jornalista é libertado pouco depois.
        Com a morte de Carlos Marighella, Câmara Ferreira assume o comando da ALN. Mas, no dia 23 de outubro de 1970 é preso na Av. Lavandisca, em São Paulo.
        Levado a um sítio clandestino usado como centro de tortura pelo Exército, ele morre algumas horas depois.
        Joaquim Câmara Ferreira deu sua vida pelas causas populares e merece lugar de destaque na nossa história. 
        

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Num falei!


           A última pesquisa dá Aloísio Mercadante com 28%, o que significa que pode ter segundo turno aqui em São Paulo.
       Em 30 de agosto, com o candidato do PT lá embaixo nas pesquisas, postei aqui um texto com o título Uma Virada em São Paulo. O motivo que me levou a tal profecia era a subida gradual do candidato e a disposição de Lula, Dilma & Cia de investir tudo na derrubada do PSDB do governo aqui de Sampa.
       Agora, do jeito que a coisa vai, faltando uma semana pra votação, só uma zebra tira o candidato do PT do segundo turno. E aí, é outra eleição, como dizem os marqueteiros. Porque o Partido vai descarregar tudo em cima da candidatura do senador na reta final.
       E máquina é máquina. Fiz dezenas de campanhas e sei como funciona. As equipes de divulgação vão de rua em rua, de casa em casa, distribuir santinhos, colar banners e conversar com os eleitores. O povão é carente, quer desabafar, se influencia com a presença dos cabos eleitorais e acaba votando. Fora o pessoal que vai de legenda: na última hora, pensando em ajudar o Lula, mete PT lá na urna eletrônica de cabo a rabo.
        E se o PSDB perder a presidência e dançar aqui no estado, quero ver como vai sobreviver.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Caros Amigos

Edição do mês

         Há quatorze anos o jornalista da Bolha de S. Paulo, Fernando Rodrigues, me ligou pra dizer que seria a capa de uma revista que estava chegando ao mercado editorial. O destaque era por conta das revelações que tinha feito sobre corrupção na Câmara dos Deputados.
      Meio que de brincadeira, Fernando fez uma profecia:
      - É mais uma dessas revistas bem intencionadas, bem feitas, mas que não vai chegar ao número dez! 
      Contrariando a previsão do camarada, a Caros Amigos já dura quatorze anos e continua com bons articulistas, excelentes artigos e entrevistas longas à moda do falecido Pasquim. 
        Estive ontem na redação da revista para divulgar meu livro e reencontrei um velho companheiro de profissão, seu editor Hamilton Octávio de Oliveira. Trabalhamos juntos na Nova Escola, da Fundação Victor Civita, em 1987. Na época eu era o editor de textos da revista. 
       Impressionante, depois de 23 anos o cara continua exatamente com a mesma aparência e um jeitão sossegado. E o que é melhor, com as mesmas convicções políticas que nos norteavam naqueles anos turbulentos de Nova República. Hamilton é também professor de jornalismo da PUC.
       Grande Caros Amigos e Graaaaaande Hamilton!
         

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Milicos de pijama

      Incrível como a direita da direita ainda esperneia contra as vítimas do regime que eles implantaram no Brasil .
      Na declaração de Brasília, documento emitido no final do ano passado durante o 110 Encontro Nacional de Oficiais da Reserva do Exército, está escrito:
       (Os oficiais da reserva) desaprovam os gastos públicos com a absurda "dívida da União" com os chamados anistiados políticos, supostos militantes de esquerda derrotados em suas investidas contra os governos militares, a partir de 64. (...). 
       O que os milicos, de dentro de seus pijamas, não dizem é que essa gente foi tirada de seus empregos na marra após o golpe, foi perseguida politicamente e, muitos, por ter enfrentado a ditadura de arma na mão, foram presos, torturada e banida do país. Isso sem falar nas centenas de mortos e desaparecidos.
       É justo pois, que o governo repare os danos causados a cidadãos que, muitas vezes, se viram impedidos de seguir suas carreiras ou foram obrigados a deixar o país simplesmente porque discordavam dum governo de direita imposto ao Brasil pela força das baionetas.
       Nossa sorte é que a maioria da oficialidade da ativa, já formada durante o restabelecimento da democracia, não tem a mesma visão.  
       
       

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um tubarão na turma do Peixe



            Desculpem, caros perseguidores, se neste blog onde a política, a história e assuntos mais cabeça deveriam ser prioridade, o futebol tem abundado. 
        Abundado é ótimo!
        Mas a queda de braço entre a estrelinha Neymar e Dorival Jr desfalcou o Santos de um excelente treinador e deu ao time um problema monstro: como um novo técnico vai segurar a índole do moleque a partir daqui?
        E o exemplo de rebeldia pode contaminar o resto do time.
        Acho que teria sido melhor o Santos ter vendido Neymar para o extranja. Estaria agora com uma grana preta nos cofres, com Dorival e com o time em paz.
        O intempestivo craque iria estourar rapidinho com os treinadores lá de fora. Ficaria queimado meio como o Robinho ficou - teve que vir a Santos para se revalorizar - e acabaria voltando de graça ao alvinegro praiano num futuro não muito distante.
        Agora, vamos ver como é que fica. Mas o futuro me parece negro pros meninos da Vila, ou pro menino, já que só sobrou um em atividade na baixada. 
        O tubarão Neymar vai acabar fazendo um estrago na turma do Peixe.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Chatice pela esquerda

    
      A chatice do horário eleitoral, com seus candidatos de falas monocórdias e olhar parado diante do teleprompter, se estende a alguns partidos da extrema-esquerda.
      Tá precisando alguém tomar um chá de modernidade e dinamizar os programas políticos do Partido da Causa Operária, por exemplo.
      Diante das telas, seus representantes aparecem mal enquadrados, mal iluminados, mal vestidos, com os olhos grudados no texto por trás da câmera.      
     Sem um sorriso, uma expressão que denote simpatia, os pedidores de votos do PCO parecem bonecos de ventríloquo. 
      E o discurso destes trotskistas então, são cheio de jargões tão surrados, como se pinçados de algum dos congressos do extinto Partido Comunista da União Soviética. Convenhamos, ninguém aguenta mais frases como: segmentos oprimidos da população brasileira, núcleo de vanguarda e tarefas históricas dos trabalhadores. 
     Se estes caras pretendem administrar o país do jeito que fazem seus programas televisivos, é melhor que todos eles continuem no limbo da nossa estrutura política.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cantando na chuva


            Revi ontem o célebre musical Cantando na Chuva, produzido em 1952 e dirigido por Stanley Donen e Genne Kelly.
        Por trás dum roteiro água com açúcar sobre a disputa de egos entre duas atrizes, o filme nos remete a complicada transição do cinema mudo para o falado na década de 20.
        É muito curioso ver as dificuldades que surgem com a introdução do áudio nas fitas. Atores de destaque se veem, duma  hora para outra, sem dicção nem voz para papéis principais no cinema falado. E o processo de adaptação a nova realidade será cruel.
       A sincronização do som gravado em discos de cera é outro problema a ser enfrentado na hora da projeção.
       Microfones enormes são escondidos em vasos de flores ou amarrados a adereços implantados nas roupas das atrizes.
       As câmeras precisam ficar enclausuradas em abafadíssimos aquários de vidros para que o som de seus motores, extremamente barulhentos na época, não vazem para os microfones.
       Mesmo depois de tantos anos, a película serve como uma espécie de documentário do momento mais interessantes da história do cinema.
       Se você ainda não viu Cantando na Chuva, dê uma olhada. Tirando alguns trechos de dança muito longos, o filme é bem legal.



sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ao mestre, com carinho.



         Abro um espaço aqui para lembrar de uma figura importantíssima na minha formação e que, com certeza, tem boa parte de culpa por eu me arriscar no ofício de produzir textos.
         O nome dele é Roberto Azevedo, meu professor no terceiro ano do primário, nos idos de 1966.
         Professor Roberto era ator, mas como estava no início de carreira, complementava seu salário dando aulas na extrema periferia da cidade e tive o privilégio, aos nove anos, de ser seu aluno.
         Ao invés de ser aquele mestre chato, cantava músicas com a gente - muitas de sua autoria - lia textos interessantes e fazia concursos de redação.         Ganhei uma medalha de "ouro" num deles e aquilo me serviu como um gigantesco incentivo no caminho da escrivinhação. 
         A primeira vez que fui ao teatro - a peça era o Auto da Compadecida - foi ele quem me levou.
         Quando fui para o ginásio, com frequencia ia visitar Roberto na escolinha pra matar a saudade. E ele me fazia contar pra turma - numa espécie de palestra - como era a vida no curso ginasial. Isso me ajudou na inibição.
         Dois ou três anos depois, Roberto entrou para a televisão - foi fazer novela na Tupi - e deixou as aulas. A partir daí, só o via pela telinha.
         Na década de oitenta, Roberto Azevedo já era um cara razoavelmente conhecido no meio artístico - participou de 29 peças teatrais, a última delas "O Feitiço", fez quatro novelas  - Eu e a Moto, Jogo da Vida e Elas por Elas, ambas na TV Globo e Razão de Viver no SBT. Depois passou a integrar o elenco dos programas Planeta dos Homens e Veja o Gordo, ambos com Jô Soares. 
         Em 86, reencontrei o mestre no final da apresentação de Oh, Calcutá! uma peça onde, para escândalo geral, todos os atores ficavam nus.
         E, ao encontrá-lo no saguão do teatro Brigadeiro, não precisei dizer palavra. 
         Roberto veio caminhando até mim e disse:
         - Você ainda assina Loque? em referência um trocadilho que eu costumava fazer com meu sobrenome nas provas.
         Aquilo me emocionou. De um moleque de onze anos - a última vez que o tinha visto - eu estava totalmente mudado, com 28 anos, 1,86 de altura, barbudo, cabeludo. Fora realmente fantástico ele ter me reconhecido assim, de pronto, sem eu precisar abrir a boca.
         Então, correndo o dedo indicador pelos meus olhos o mestre me disse:
         - Sua aparência pode ter se transformado por inteiro, mas esta parte não mudou nada.
         Fiquei de visitá-lo logo em seguida. Mas fui adiando até que montei uma empresa de clipping. No início de maio de 1988, meu sócio estava lendo a Veja e me perguntou: tem um ator aqui - Roberto Azevedo - que morreu de aids. Esta notícia interessa a algum de nossos clientes de saúde?
         Tive um puta choque.
         Ele escondera a doença de todo mundo e morreu, assim, de surpresa.
         Perdi meu mestre e um grande amigo, que me me ensinou a gostar de escrever, de ler, e me ajudou a não ter problemas de falar em público. E, me reconheceu de imediato depois de tanto tempo.
        Acho que muito dessa minha escolha por fazer jornalismo e esta obstinação por escrever vem daí.
        Valeu! Professor Roberto.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Garoto problema



       Moçada, por motivos técnicos, gorou minha viagem pra Bahia.
       Então, retomemos a vidinha por aqui.
       E o Neymar, de gênio da bola tá virando estrelinha chiliquenta.
Também quem manda o Santos pagar tanto dinheiro pra segurar um moleque.
       Acho que ele pode ter o talento que quiser pro jogo de bola. 
       Mas valer tantos milhões de dólares já é exagero num país onde médicos e professores são tão mal remunerados.
       Agora, a estrela se acha acima de tudo e de todos. E quase se pega com o técnico ontem depois de ser preterido na cobrança dum penalti.
       Desse jeito ele vai acabar queimando a própria imagem aqui e lá fora. 
       E pra consertar o cabra, vai dar muito trabalho.
       Eu acho que só pondo no tronco e descendo o reio!
       Uma duzentas chibatadas derruba o ego de qualquer um pênalti
Né não?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Indo pra Bahia

    igreja nossa senhora de brotas - Brotas de Macaúbas Ba, Por mara
    Igreja Nossa Senhora de Brotas

        Amanhã vou para Salvador e na quarta parto de lá pra Brotas de Macaúbas e Ipupiara, no sertão da Bahia, onde esta semana haverá uma série de eventos pelo aniversário da morte de Carlos Lamarca e José Campos Barreto. 
         Entre as autoridades que irão fazer as homenagens está o ministro Homero Jucá  
         No dia 17, inclusive, é feriado nas duas cidades.
         Incrível, feriado municipal pela morte de três revolucionários.
         Finalmente, estamos resgatando a memória daqueles que lutaram contra a ditadura.
         Lamarca e José Campos foram assassinados em 17 de setembro de 1971 na localidade de Pintada, município de Ipupiara, depois de uma longa caçada pelo sertão baiano e que envolveu homens do Exército, da Polícia Civil e Militar e dos Dops paulista e carioca. Os corpos, inclusive, ficaram expostos a visitação pública como fora feito anos antes com o cadáver de Che Guevara.
         Como vou ficar uma semana zanzando pela Bahia, a regularidade das postagens deverá sofrer abalos. Mas vou tentar manter a coisa atualizada.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Alegria de pobre



       Sou um autor pobre, no sentido financeiro da coisa, pelo menos, já que vendi muito pouco livro desde o lançamento.
       Mas estou conseguindo, na marra, quebrar a barreira da distribuição. A Loyola já está com o título em seu catálogo e a Superpedido também.
       Agora, anteontem vivi um dia de glória no lançamento de 1822, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Av. Paulista.
       Primeiro porque o Larentino Gomes, que está lendo meu livro, fez dois elogios, um pela pesquisa e outro pelo estilo.  E receber um elogio do homem que vendeu seiscentos mil exemplares dum livro de História no Brasil e deve repetir o feito com 1822, já é o máximo prum iniciante como eu.
        Mas fui às nuvens quando localizei nas prateleiras da livraria exemplares de Pedro e os Lobos.
        Ver minha obra exposta ali, entre tantos clássicos, foi assim como um cineasta amador ver um curta seu ser exibido num grande cinema ou um compositor que está começando ouvir uma canção sua na voz de Caetano Veloso, por exemplo.
         Pode ser que os exemplares encalhem lá na Cultura, mas que já me sinto um autor realizado, isso já!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Para onde irá Cuba?



       "O modelo cubano já não funciona nem para nós mesmos”, disse Fidel Castro essa semana.
       Em primeiro lugar é impressionante que o líder da revolução cubana, a despeito da idade e de todos os problemas que sofreu nos últimos tempos, ainda esteja ativo e fazendo discursos.
       Mas o mais intrigante é que as palavras do homem forte da Ilha nos remete a uma questão complicada:
       Onde vai desaguar Cuba?
       Vai se abrir economicamente ao mundo como a China?
       Se tornará uma república democrática como o fez a Rússia?
       Ou será que Fidel & Cia engendrarão um sistema econômico e político inédito para implantar na Ilha?
       Quem se arrisca a um palpite, que o faça.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O ladrão-mor da nossa política continuará impune

          Está na Uol de hoje:

          STF extingue ação penal contra Paulo Maluf 

          A morosidade da justiça no Brasil é imoral e beira ao absurdo.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Feriadão.



Queridos perseguidores:
devido ao feriado, só voltarei  a postar um texto novo na quarta.
Beijão a todos.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A farsa por trás da história de Aleijadinho


        Quem não se emociona ao ouvir a história de Manuel Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que teria vivido entre 1730 e 1814, em Minas Gerais, e que, já deformado pela lepra, esculpia suas obras com o martelo e a talhadeira amarrados ao toco dos braços.
        Pois é, mas tem um enorme buraco nessa biografia e o gênio do barroco mineiro pode sequer ter existido.
Em primeiro lugar, a história de Aleijadinho só veio a tona 44 anos depois de sua morte com a publicação de uma biografia que, suspeitam os historiadores, não passa dum livro de ficção.
        Segundo, o tal escultor, mesmo se desconsiderando suas limitações físicas para jornadas longas em cima de andaimes, simplesmente teria de ter vivido umas dez vidas para esculpir todas as obras que lhe são atribuídas. 
        Já em 1996, falando à Folha de São Paulo pesquisador paulista Dalton Sala afirmou que Aleijadinho foi uma invenção do governo Getúlio Vargas. Para ele o mestre é um mito criado para a construção da identidade nacional, um protótipo do brasileiro típico: "mestiço, torturado, doente, angustiado, capaz de superar as deficiências por meio da criatividade".
         E disse também que nunca ficou provado textualmente que uma pessoa chamada Antônio Francisco Lisboa, conhecida como Aleijadinho, tivesse feito todas as obras que lhe foram atribuídas. Sala atribui a construção do mito Aleijadinho a uma necessidade política e ideológica da ditadura Vargas.
         Guiomar Grammont, autora do livro O Aleijadinho e o Aeroplano, vai no mesmo caminho. Afirma a hitoriadora que o artífice pode ter sido um mito inventado pela astúcia do Império, instrumentalizado pela ditadura do Estado Novo e saudado pelos primeiros modernistas, sobretudo por Mário de Andrade, que o descreveu como um herói miscigenado, gênio da raça, mulato genial que desafiou os padrões europeus e transgrediu as normas para criar uma arte autenticamente brasileira. 
         Eis aquí um abacaxi e tanto pros mineiros descascarem. Como continuar cultuando um herói das artes plásticas se Alejadinho tem tudo pra nunca ter existido.
         Parece que temos aqui um Roque Santeiro das Gerais, o personagem de Dias Gomes que foi mesmo sem nunca ter sido.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O conto da loteria



            A Mega Sena acumulou pela terceira vez. Cada brasileiro pode sonhar agora com a incrível fortuna de cerca de 85 milhões de reais.  Então, basta o camarada levar alguns caraminguás a uma casa lotérica e sair de lá com seu vale-milhões nas mãos.
            Nas conversas de botequins, bancos de praça ou salões de beleza, já se percebe a euforia e cada um destes futuros milhardários conta o que fará com tanto dinheiro.
O Negão Edynardo, entre uma talagada e outra, diz que vai comprar um iate cor de rosa, colocar a Sheila Carvalho dentro, e sair navegando pelo mundo. E a Rosineide, sua mulher há trinta anos, que se dane.
Mais filantropa, Cidinha, empregada doméstica numa mansão do Morumbi desde que chegou de Minas aos 14 anos, jura que dará boa parte da sua fortuna à Igreja Universal. Afinal, tanta sorte só pode ter sido obra do Divino Nosso Senhor Jesus Cristo, devidamente intermediada pelo seu representante maior na Terra, o bispo Edir Macedo.
Até mesmo o Doutor Aliprando Junqueira Araújo, bem sucedido empresário do ramo da construção naval - e para quem R$ 85 milhões não é tanto dinheiro assim - alimenta seu sonhozinho secreto: o de trocar o Lear Jet 2009 por um Boeing novinho em folha. Como este tipo de avião custa exatos R$ 135 milhões, ainda vai faltar dinheiro. Mas isso não é problema para nosso capitão de indústria que sempre traz uma reservinha depositada em contas secretas na Suíça.
Com tanta gente sonhando alto, a felicidade vai aparecer estampada no rosto da maioria dos brasileiros, pelo menos até sábado à tarde.
O diabo é que as chances matemáticas dum sujeito acertar na Megasena é a de 1 para 50.063.860. Então, estatisticamente falando, o mais provável é que o prêmio acumule de novo e, no domingo, 190 milhões de frustrados estejam circulando por aí.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Um lugar digno na História para Carlos Lamarca



            Tem tanto herói de mentira por aí com estátua em tudo quanto é parque. Então, cabe perguntar: por que um homem que deu sua vida pela luta contra a ditadura militar não tem sequer uma rua com seu nome?
            Agora que temos uma democracia consolidada, seria uma boa que a imagem de Carlos Lamarca ganhasse a importância que merece. E que pipocassem pelo país as homenagens que esse mártir popular nunca recebeu.
            Tiradentes, que foi um mero coadjuvante na Conjuração Mineira, virou feriado nacional e o marechal Deodoro da Fonseca, que só descobriu que tinha proclamado a República no dia seguinte, é o patrono do Exército. Já o nome do Capitão da Guerrilha, passa batido até mesmo nos livros de História.
            A bem da verdade, no ano passado foi criado um memorial no município baiano de Brotas de Macaúbas para preservar a memória de Lamarca e seu companheiro de guerrilha, José Campos Barreto. Mas é muito pouco.
            Executado de modo covarde no sertão da Bahia, Carlos Lamarca tem tudo pra ser considerado um herói popular. Só falta ser criado um movimento consistente neste sentido.