quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um velho realejo nas ruas de Sampa

realejo

         Semana passada caminhava eu pela avenida Sapopemba, aqui na Zona Leste de São Paulo, quando vi surgir na minha frente um velho realejo.
         Como se saído duma máquina do tempo, o homem rodava a manivelinha da estrovenga e surgia uma valsa encantadora, como já cantava Chico Buraque nos idos dos anos setenta. E, naquela época, o realejo já era uma coisa em extinção. Tanto que ele diz: 
         
         Estou vendendo um realejo
         quem vai levar 
         quem vai levar (...)
         Ninguém quer mais hoje em dia
         acreditar num realejo
         Sua sorte, seu desejo,
         ninguém mais veio tirar 

         Dei uma nota pro camarada e, no automático, o papagaio percorreu a gaveta lotada de papeizinhos já meio carcomidos pelo tempo. Com o bico ligeiro de tanto treino, o bicho apanhou então um dos bilhetes e me estendeu.
         No texto datilografado, previsões genéricas de fortuna e felicidades futuras.
         O impressionante é que, em pleno século 21, na era da informação tecnológica, neguinho ainda ganhe dinheiro oferecendo a sorte a varejo nas ruas duma das maiores metrópoles do mundo.
         Ao ir embora, ainda olhei pra trás pra me assegurar de que não estava saindo duma espécie de brecha no tempo.
         Mas não. O cara continuava lá, girando a manivelinha enquanto, agora o papagaio atendia uma moça com cara de casadoura.
         Incrível!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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