quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Paulo Vitale
Circle of Animals da Bienal de Artes de São Paulo - 2010

              A constante evolução de conceitos nas artes plásticas levou, na minha opinião, os artistas a uma sinuca de bico, a jogada do bilhar onde não há saídas.
          Como existem trocentas correntes apontando vertentes, uma simples visita à Bienal nos remete a uma discussão primária: afinal, o que é e o que não é arte?
          É essa, sem dúvida, a baliza que falta para que se possa valorizar certos trabalhos e descartar outros que só servem para povoar exposições de entulho.
          O arqueólogo Ulpiano Menezes, meu professor na FLCH-USP, num curso sobre a história da arte, ainda na década de oitenta, deu uma definição que, ao meu ver, pode ser um ponto de partida pra essa questão.
          Para ele, o objeto artístico deve ser livre de qualquer outra função que não a de expressar o sentimento do artista. E hoje, o que mais se vê são obras feitas pra agradar ou chocar o público, pra atender o mercado ou pra servir de vertente a outros "artistas". Pouca coisa , entretanto, nasce com a função de expressar o universo íntimo do autor, suas reflexões sobre o mundo ou sua percepção do universo que o cerca.
          Se as bienais da vida se restringissem a obras que tivessem, exclusivamente, uma função artística, acho que esse experimentalismo exagerado e a vontade de chocar a qualquer custo daria lugar a trabalhos mais consistentes e, portanto, mais perenes.
           
           

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