segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Minha Revolta Não se Vende



        Semana passada estive em São José dos Campos com Pedro Lobo e ganhamos, do escritor Moacyr Pinto, o livro Hiena, Minha Revolta Não se Vende. Na mesma noite tive o prazer de conhecer o próprio Hiena, que tem uma história incrível de vida.
       Abaixo a sinopse que recebi do livro:
      "A obra conta a história de Ediberto Bernardo dos Santos, um negro pobre que saiu de Ilhéus, na Bahia, com 19 anos para ser operário em SãoPaulo. Depois de uma rápida experiência como metalúrgico no ABC paulista em 1979, bem no auge das lutas sindicais, foi morar em Jacareí. Lá, com apenas 20 anos de idade, passou a viver com Luisa - branca, 10 anos mais velha, viúva, doente e mãe de cinco filhos - numa casa sem luz nem água encanada.  
       Em 1984, quando era operário da General Motors de S. José dos Campos, participou duma greve de ocupação da fábrica por uma semana que marcou o início de uma carreira de lutas e envolvimentos políticos e sociais que nunca mais parou.
        Sempre muito magro, um metro e oitenta e três de altura, cabelo à moda black, amante da festa, Hiena conseguia manter plantões de enfrentamentos com a polícia manhã, tarde e noite, ao mesmo tempo em que organizava e presidia os movimentos dos usuários de transportes ou dos sem teto, além de ser dirigente do PT e da CUT. 
     A perda de influência no movimento sindical que lhe dava sustentação, aliada a algumas decepções de natureza políticas o levam ao desespero e, concomitante, a disponibilizar a sua testa para receber o carimbo que a sociedade fazia muito desejava lhe colocar, o de bandido; Ediberto se mete num assalto e vai parar na cadeia. 
        Começa aí um novo capítulo dessa história, agora com o sociólogo Hiena, que sempre fez sociologia de campo com o próprio corpo, experimentando durante 7 anos como é viver nos presídios paulistas nos tempos atuais. Hiena já estava dentro do Sistema quando o PCC foi criado e com ele conviveu durante boa quantidade de anos.
      Livre da cadeia em 98, Ediberto não consegue se livrar do carimbo de ex-presidiário. Depois de tentar por 5 anos continuar vivendo em São Paulo, acaba sendo forçado a viver com a mãe - figura também marcante em sua vida - em Ilhéus, chegando lá bastante abalado mentalmente. Decorridos outros 5 anos, é chamado de volta a São Paulo, para tomar ciência da anistia política concedida pelo Ministério da Justiça aos 33 da GM, que foram perseguidos em função de uma greve ocorrida naquela empresa em 1985, da qual ele tinha sido um dos dirigentes. 
       Hiena quer falar, ir para o debate, fazer a revisão da sua história, que não é somente dele e, como sempre, de peito aberto, sem receber nenhuma isenção prévia, mas também sem fazer concessões a nada e nem a ninguém. Para que? Para servir de lição para a juventude excluída, com quem quer passar a trabalhar, e para continuar mudando o país. É pouco?"

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